Pratas da Casa: “Empatia, equilíbrio e disposição” é o que a carreira exige, segundo a juíza Ítala Bonassini

Por redação.

Campo Grande/MS, 09 de agosto de 2024.

 

O “Pratas da Casa” desta semana tem a honra de contar a história de Ítala Colnaghi Bonassini Schmidt.

Ítala nasceu em Corumbá/MS e se mudou para Campo Grande/MS com apenas 8 anos de idade.

Relata que desde sempre teve admiração pela magistratura, já que seu pai – sua grande referência – é apaixonado pelo que faz e costumava dividir sua realização no trabalho, em seu seio familiar.

Inicialmente, queria seguir a carreira de jornalista, conforme relatou: “sonhando com uma vida estilo Glória Maria, cheia de viagens e roteiros inusitados”.

Sua escolha se deu através da premissa de que o Direito lhe abriria um leque de possibilidades e com o passar do tempo: “Fui me encantando mais e mais pelo estudo das normas como instrumento de solução para os conflitos humanos. É uma ciência realmente apaixonante!”.

Ainda, relata que durante a faculdade se viu dividida entre o desejo pela magistratura e o medo de não conseguir a aprovação, tendo em vista os relatos desanimadores que a fizeram questionar se teria condições de chegar lá.

Menciona que depois de experimentar outras carreiras jurídica, como a advocacia, teve a certeza de que precisava encarar o desafio.

“E que desafio” – relatou a juíza.

Nessa caminhada até a aprovação, descobriu que além de disciplina, é necessário exercer a humildade a fim de lidar com as frustrações das sucessivas reprovações e a sensação de “não foi dessa vez”, sem se afetar.

Sobre a humildade, relatou que: “O que me ajudava nesses momentos era pensar no tamanho da responsabilidade do cargo que eu estava almejando: ora, se eu quero decidir sobre o patrimônio, a liberdade, a vida das pessoas, é justo que me seja exigido um amplo conhecimento. Eu realmente preciso me preparar ainda mais.”

A juíza conta que perdeu as contas do número de concursos que realizou, três anos e meio de dedicação e muitos “foi por pouco” – as vezes, por centésimos.

Nesse interim, milhares de pensamentos vinham à sua mente: “Será que estou desperdiçando minha juventude em um projeto sem futuro? Será que tanta abnegação um dia irá compensar? Será que estou no caminho certo?”.

Contudo, revela que aprendeu a amar o processo e ser grata pelas oportunidades e privilégios que tinha para dedicar tempo e dinheiro aos estudos.

Antes de alcançar o sonho da magistratura, foi aprovada como analista do TJ/MS, função que exerceu por menos de um ano, mas que muito lhe acrescentou.

Mesmo tendo que reduzir seu tempo de estudo, não desistiu, até que:

“Num belo dia, eu vi meu nome na lista de aprovados na prova de sentenças do Tribunal de Justiça do Estado de Goiás. Essa já era a terceira fase do concurso, deixando à minha frente somente a prova oral. E lá fui eu treinar oratória, trabalhar minha timidez, para encarar a banca examinadora. E se tem algo que eu me lembro com clareza sobre o dia da prova, é da sensação de ter Deus segurando a minha mão a todo tempo.”

Por fim, expressou que a carreira mudou sua vida por completo, que o estado de Goiás lhe recebeu muito bem e no campo pessoal, sentiu muitas portas serem abertas.

Contudo, ainda menciona os desafios enfrentados:

“O começo foi extremamente desafiador: o volume de trabalho é imenso e o peso da responsabilidade pode se tornar bastante opressivo. Por isso, entendo que a saúde mental deve ser pauta prioritária nas políticas judiciárias.”

Encerra deixando um conselho aos que compartilham do mesmo sonho:

“Um conselho que eu poderia dar a quem estuda para concurso é: acredite no seu potencial, confie no processo e mantenha os pés sempre no chão. Mais do que conhecimento teórico, o que a carreira quer de nós é empatia, equilíbrio e disposição para aprender sempre mais.”