Justiça absolve mulher acusada matar caseiro que foi queimado e teve parte intima decepada

Campo Grande, 12 de abril de 2024

A Justiça absolveu a mulher de 58 anos acusada da morte do caseiro Jeovan Pereira da Silva, em Dores do Indaiá, em janeiro de 2023.
Jeovan tinha 56 anos e trabalhava em uma fazenda de propriedade da família de Maria Raquel de Sousa, quando foi encontrado morto com parte do corpo queimado e a parte íntima decepada, após ter tido uma discussão com Maria.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) havia pedido a condenação de Maria Raquel por “homicídio qualificado pelo emprego de fogo, com a qualificadora de recurso que dificultou a defesa da vítima”.

Entretanto, o juiz Frederico Vasconcelos de Carvalho acatou a decisão do Conselho de Sentença e absolveu Maria Raquel em razão da ausência de autoria do delito e a insuficiência de provas para a condenação.

Ainda segundo a sentença, Maria, que estava presa desde 14 de fevereiro de 2023, deveria ser solta imediatamente. Conforme o advogado de defesa, Sérgio Rodrigues Leonardo, ela saiu da prisão no dia 03 de abril.

Relembre o caso

Segundo a delegada da Polícia Civil, Franciane Leandro, que investigou o crime na época, Maria Raquel disse para a Polícia Militar (PM) que ela e Jeovan tinham discutido na fazenda.

Ela contou também que tinha sido agredida por Jeovan com pauladas e foi sido baleada de raspão em um dos braços. Para se livrar das agressões, ela se trancou em um quarto e se fingiu de morta até conseguir pedir ajuda por telefone à filha dela.

Com auxílio de outras duas pessoas, Maria foi levada para a Santa Casa de Dores do Indaiá, onde recebeu assistência médica. Neste período, o caseiro foi encontrado morto.

“Ele estava com amarras no corpo, queimado e com o órgão genital decepado. Não estava amarrado a nada. Ele conseguiu sair de onde estava e caiu em outro cômodo da casa, onde morreu”, disse a delegada na época.

A defesa

Conforme o advogado Sérgio Rodrigues Leonardo, nenhum vestígio que ligasse Maria Raquel a morte de Jeovan foi encontrada na fazenda onde ocorreu o crime – o que, segundo ele, ficou comprovado durante o processo.

“Não tinha pegada nas proximidades, não tinha rastro de carro, não tinha sangue dela na residência, não tinha digital dela em nenhum dos objetos apreendidos”.

“A gente conseguiu provar que, no intervalo de tempo em que a morte de Jeovan aconteceu, Maria Raquel já estava sendo socorrida, estava em trânsito e chegou ao hospital de Dores do Indaiá. Então, era impossível que ela estivesse na fazenda pela distância e pelo tempo que levaria”.

Para a defesa, a polícia agora deve procurar o verdadeiro autor do crime.

“Tenho certeza que é o que toda a comunidade espera. Que a polícia consiga um dia desvendar esse caso e pare de fazer imputação à pessoa que é inocente. Eu tenho plena confiança que o resultado do julgamento reflete a justiça no caso concreto e que ele será mantido”.

 

Fonte: G1