Por redação.
Campo Grande/MS, 6 de dezembro de 2024.
Na última quinta-feira, 5 de dezembro de 2024, o Tribunal do Júri de Campo Grande, MS, concluiu o julgamento dos réus Christian Campoçano Leitheime e Stephanie de Jesus da Silva, acusados pela morte de Sophia, uma menina de apenas 2 anos e 7 meses. Após dois dias de intenso debate, que incluíram depoimentos e discussões jurídicas detalhadas, o júri determinou penas severas para ambos: Christian foi condenado a 32 anos de prisão, enquanto Stephanie recebeu 20 anos de reclusão.
A Acusação
A promotoria apresentou uma argumentação robusta e consistente, embasada em provas periciais e documentais. O laudo do Instituto Médico Legal (IMOL) revelou múltiplas lesões no corpo de Sophia, incluindo ferimentos nas partes íntimas. Mensagens extraídas dos celulares dos réus também foram cruciais para a condenação.
Entre as mensagens apresentadas, uma chamou atenção: Christian relatou ter agredido seu filho biológico, afirmando que “espancar foi pouco”. Além disso, um áudio de Christian ameaçava quebrar o pescoço de Sophia. A acusação sustenta que Stephanie, ao saber das agressões e não tomar providências para proteger a filha, foi conivente e omissa. Para a promotoria, o crime foi cometido por motivo fútil, com extrema crueldade e contra uma criança vulnerável.
Atuaram neste Júri os Promotores de Justiça Livia Carla Guadanhim Bariani e José Arturo Iunes Bobadilla Garcia, com apoio dos assistentes de acusação Janice Andrade e Josemar Fogassa.
Defesa de Stephanie
A defesa de Stephanie, composta pelos advogados Katiuscia Prado, Herika Ratto e Alex Viana, argumentou que ela era uma vítima de abuso no relacionamento com Christian. Os defensores contestaram a tese de que a ré procurava atestados médicos apenas para faltar ao trabalho, sugerindo que, na verdade, ela estava tentando esconder os hematomas das agressões sofridas. Em uma tentativa de refutar a ideia de insensibilidade da mãe após a morte da filha, a defesa apresentou um vídeo gravado no dia da morte, com Sophia chorando, e um áudio no qual Stephanie lamentava: “A Sophia morreu.”
Apesar das alegações, a defesa sustentou que Stephanie não deveria ser responsabilizada pelo homicídio, mas, no máximo, por omissão. Além disso, os advogados pleitearam a desclassificação do crime para homicídio culposo, por negligência, e o afastamento das qualificadoras.
Defesa de Christian
A defesa de Christian, conduzida pelos advogados Renato Franco e Willer Souza Alves de Almeida, argumentou que a morte de Sophia teria sido um acidente. Os defensores se basearam no laudo pericial, que indicava que o trauma na medula cervical, causador da morte, poderia ter sido agravado por uma queda e a falta de tratamento adequado. Para reforçar a tese de que não houve dolo, a defesa também destacou mensagens nas quais Christian demonstrava preocupação com a saúde da criança, acreditando que ela sofria de uma virose.
A defesa de Christian negou qualquer envolvimento com o abuso sexual, apontando que exames de DNA realizados pelo réu não mostraram material genético compatível com o encontrado na vítima. As teses de defesa incluíram a negativa de autoria, a absolvição por falta de provas e a desclassificação do homicídio para homicídio culposo.
Decisão do Júri
Após os debates finais, o Conselho de Sentença rejeitou as teses de defesa e acolheu a argumentação da acusação. Christian foi condenado por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável. Stephanie foi condenada por homicídio por omissão. As qualificadoras do homicídio – motivo fútil, meio cruel e vítima menor de 14 anos – foram reconhecidas.
Penas Aplicadas
O juiz Aluízio Pereira dos Santos, da 2ª Vara do Tribunal do Júri de Campo Grande, determinou que Christian cumprirá 32 anos de reclusão, sendo 20 anos pelo homicídio e 12 anos pela condenação por estupro de vulnerável. Já Stephanie foi condenada a 20 anos de reclusão, também em regime fechado.