Médico veterinário que matou ex-cunhado para proteger a família vai a júri nesta quarta-feira

Por Poliana Sabino

Campo Grande/MS, 05 de fevereiro de 2025

José Bernardino Prado Lo Pinto será julgado nesta quarta-feira no Tribunal do Júri da Capital de Mato Grosso do Sul. Ele foi pronunciado pelo crime de homicídio qualificado por motivo torpe e pelo uso de recurso que dificultou a defesa da vítima.

O médico veterinário é acusado de matar seu ex-cunhado, Erick Wagner Batista Inserra, com quatro disparos de arma de fogo no dia 2 de dezembro de 2020, no Bairro Monte Castelo.

O caso

No dia do crime, Erick foi até a residência onde morava o filho que tinha em comum com a irmã do acusado. No local, iniciou uma discussão com a ex-sogra, o que levou José Bernardino a intervir. O desentendimento se agravou, e, em meio à tensão, José pegou uma arma que a família possuía há anos e efetuou os disparos que resultaram na morte de Erick.

Mesmo abalado com o ocorrido, José permaneceu no local e aguardou a chegada da Polícia Militar, entregando-se em seguida.

Histórico de conflitos

Segundo o acusado, no início do relacionamento de Erick com sua irmã, ele se mostrava uma pessoa tranquila. No entanto, ao longo dos anos, começaram a ocorrer episódios de agressões verbais e físicas contra sua esposa.

José relata que, após três ou quatro anos de casamento, Erick teve uma desavença com a própria mãe e foi expulso da casa da família onde vivia com a esposa. A partir desse momento, seu comportamento mudou significativamente, tornando-se emocionalmente instável, aumentando o consumo de álcool e até fazendo uso de drogas.

Diante desse cenário, a irmã de José decidiu romper o relacionamento e entrou com o pedido de divórcio. A separação não foi aceita por Erick, que se tornou ainda mais agressivo e passou a ameaçar constantemente a ex-mulher e sua família.

Em uma das ocasiões em que foi até a casa da ex-sogra, Erick chegou a agredi-la, conforme registrado em depoimentos. Além disso, fazia ameaças frequentes contra todos os membros da família, criando um clima de tensão e medo.

José afirma que nunca procurou a polícia porque temia que isso irritasse ainda mais Erick, podendo resultar em novas agressões e mais perigo para sua família.

O dia do crime

No dia do ocorrido, Erick foi até a residência da ex-sogra para buscar o filho e pediu para falar com a mãe do acusado. José foi até o portão para entender a situação, momento em que Erick, alterado, teria dito: “Não quero nada com você, seu bostinha. Vou matar você e toda a sua família”.

O acusado também mencionou que Erick costumava andar armado e já chegou até mesmo aexibir a arma para ele. Diante disso, José, totalmente transtornado, correu para dentro da casa e pegou a arma da família. Ele afirma que, ao disparar o primeiro tiro, entrou em um estado de adrenalina e não se recorda exatamente de quantos disparos efetuou depois. Segundo ele, sua reação foi motivada pelo medo de que Erick pudesse machucar sua mãe ou qualquer outro que tentasse intervir.

José Bernardino alega que agiu para salvar sua irmã de um possível feminicídio.

Defesa

A defesa do acusado está sendo conduzida pelos advogados Cezar José Maksoud, Fabio Ricardo Trad e Fabiana Trad.

Processo 0033008-57.2020.8.12.0001