Por redação.
Campo Grande/MS, 27 de janeiro de 2025.
Imagens capturadas pelas câmeras de monitoramento registraram a execução de dois homens no dia vinte e quatro de dezembro, em Corumbá. Esses registros foram suficientes para acusarem Marcial como coautor do duplo homicídio. No entanto, como em toda história, sempre há o outro lado.
O que você faria se, tentando proteger sua família, fosse inesperadamente envolvido em uma tragédia e acusado de algo que não cometeu? Como lidaria com essa acusação, sabendo que sua única intenção era garantir a segurança dos seus filhos? Esta é a realidade enfrentada por Marcial Soares, acusado de envolvimento no duplo homicídio que vitimou Javier Cerruto Soares e Estefferson Galvão Soares, embora sua versão dos acontecimentos revele uma situação bem mais complexa.
As acusações contra Marcial são baseadas em indícios que, ao serem analisados isoladamente, carecem de robustez e não provam sua participação direta nos eventos. Na noite do ocorrido, Marcial recebeu uma ligação angustiante de seu filho de 13 anos, Marcel, que, em pânico, informou que dois homens estavam tentando invadir o portão de sua casa.
A acusação parece desconsiderar o impulso natural de qualquer pai diante de uma ameaça direta aos filhos. Movido pelo instinto protetor, Marcial entrou em contato com a Polícia Militar às 19h28, e solicitou ajuda. Porém, com a demora da resposta, decidiu ir até a residência do filho para verificar a situação por conta própria. Ao chegar, encontrou o portão entreaberto, mas não havia ninguém por perto, o que aumentou ainda mais seu temor.
Nesse momento de crescente tensão, seu filho Samuel chegou ao local, e Marcial, preocupado com a segurança dele, pediu que Samuel levasse Marcel para um lugar seguro. Em seguida, Marcial seguiu para sua caminhonete, mas ao passar pela rua, avistou Samuel se aproximando de Javier e Estefferson. Preocupado, Marcial desceu do carro, tentando intervir pacificamente, sem qualquer intenção de violência, com o único objetivo de evitar um conflito maior.
Marcial afirma que foi nesse momento que Javier agiu de forma agressiva, partindo em direção a Samuel. Em resposta, Samuel disparou em legítima defesa, resultando nas mortes. O depoimento de Marcial deixa claro que ele não estava armado e que sua presença no local foi circunstancial, voltada para tentar apaziguar a situação.
Para uma análise completa, é essencial considerar o contexto mais amplo: meses de ameaças constantes feitas a Marcel e à ex-esposa de Marcial, Suzilene Galvão Soares, por Javier e Estefferson. Marcial estava agindo como qualquer pai protetor, tentando defender seus filhos diante de uma ameaça crescente. Sua decisão de intervir não reflete comportamento criminoso, mas um reflexo de sua angústia e do desejo de evitar uma tragédia maior.
O vídeo é claro ao mostrar a atitude desesperada de Marcial ao ouvir e testemunhar os disparos. Fato que evidencia a ausência da participação ativa nos homicídios, mas sim uma reação de pai tentando evitar uma tragédia. As imagens reforçam a ideia de que, longe de colaborar com a violência, Marcial estava, com todas as suas forças, buscando proteger sua família e impedir o pior.
Apesar da cobertura midiática ter alimentado um julgamento apressado e, em muitos casos, injusto, é fundamental respeitar o direito de Marcial a um julgamento imparcial. Não há até o momento evidências substanciais que provem a intenção criminosa de Marcial, e a presunção de inocência, princípio fundamental, deve prevalecer.
Atualmente, Marcial encontra-se preso, e sua detenção, até o momento, carece de fundamento sólido. Sua prisão, mais do que uma resposta a evidências factuais, reflete uma interpretação apressada e superficial de um contexto muito mais complexo e carregado de nuances. A história de Marcial não é a de um criminoso, mas a de um pai, envolto em um momento de angústia extrema, que, em seu desespero e instinto protetor, tentou, dentro de suas limitações, evitar uma tragédia para seus filhos.