Escola estadual recebe doação de alimentos a partir do trabalho prisional

Campo Grande, 4 de outubro de 2024.
Prestes a completar um ano de existência, a Horta da Esperança, localizada no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, realizou nesta quinta-feira, dia 3 de outubro, a doação de cerca de 300 kg de hortaliças para crianças e adolescentes da Escola Estadual Prof. Silvio Oliveira dos Santos. Cerca de 150 famílias foram beneficiadas com aproximadamente 700 pés de folhagens e verduras doados aos alunos da escola.
Idealizado pelo juiz Albino Coimbra Neto, titular da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, o projeto da Horta da Esperança teve início em outubro de 2023 no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, onde 10 internos trabalham diariamente no cultivo e na produção de hortaliças, legumes e frutas. A administração do TJMS, sob a presidência do desembargador Sérgio Fernandes Martins, apoiou a ideia desde sua apresentação, por considerar sua importância na promoção da ressocialização, além de ser um instrumento de apoio às comunidades.
Além de promover a ressocialização dos presos, o espaço de cerca de três hectares (aproximadamente 30 mil metros quadrados) tem parte de sua produção vendida, enquanto outra parcela é doada para escolas públicas e entidades beneficentes. Desta vez, foram doados alimentos como alface, cebolinha, salsa, couve e acelga.
O diretor da Escola Estadual, Leandro Colombo Pedrini, foi o responsável por buscar os alimentos na penitenciária e organizar a distribuição aos alunos na escola. Para ele, as doações representam um significativo investimento na saúde e na educação alimentar dos alunos, já que a ação não apenas proporciona acesso a alimentos frescos e nutritivos, mas também promove a conscientização sobre a importância de uma alimentação saudável.
“Chegando na escola, a gente empacota os alimentos e destina aos alunos, principalmente para aqueles que dependem de algum tipo de assistência social para complementar a alimentação. As famílias adoram, porque muitos não teriam como comprar esse tipo de alimento. Então é uma iniciativa que enriquece bastante a alimentação na casa deles”, destaca Leandro Colombo Pedrini.
Os alimentos foram recebidos com grande entusiasmo pelos alunos, especialmente aqueles que desde cedo se preocupam com a alimentação saudável, como é o caso de Rayssa Vieira, de 15 anos. “Acho este projeto muito importante, não só pra saúde dos alunos, mas para esse movimento de união que ele promove. Eu adoro verduras, lá em casa todos gostam, então ficamos muito felizes, e me sinto privilegiada de estar em um colégio que tem essa preocupação”, disse a estudante.
Horta da Esperança – Em quase um ano de funcionamento, a Horta da Esperança no Centro Penal Agroindustrial da Gameleira já doou mais de 7 toneladas de hortaliças, legumes e frutas para 15 escolas públicas que fazem parte do projeto Revitalizando a Educação com Liberdade. No total, mais de 47 toneladas de alimentos já foram produzidos a partir do trabalho dos internos.
Para o diretor do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, Adiel Rodrigues Barbosa, além de contribuir com a alimentação de centenas de famílias carentes, a Horta da Esperança tem sido importante no processo de ressocialização dos presos. “O interno vem trabalhar conosco e recebe a remuneração, ele tem a remissão, que são 105 dias a menos na pena dele por ano, ele consegue a profissão, consegue ajudar a família dele e, com a produção da horta, nós podemos ajudar as famílias carentes das escolas”, destaca.
“São vários projetos unidos em um só, pois engloba servidores internos, escolas, os familiares dos internos, o Tribunal de Justiça, a Agepen e outras instituições importantes. Todos nós estamos envolvidos nessa engrenagem”, completa o diretor do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira.
Toda a estrutura da horta foi construída com dinheiro arrecadado com o desconto de 10% do salário dos presos que trabalham na capital. Atualmente a equipe que cuida da horta é composta por 10 internos do Centro Penal Agroindustrial da Gameleira, que recebem um salário-mínimo e remissão de pena a cada três dias de trabalho, além da experiência em uma nova profissão que permitirá futuramente, quando retornar ao convívio social, ser uma oportunidade de recomeço.
Saiba mais – A iniciativa do Poder Judiciário de Mato Grosso do Sul, por meio da 2ª Vara de Execução Penal de Campo Grande, tem o apoio de diversos parceiros como a Agepen/MS e a Federação da Agricultura e Pecuária de MS (Famasul), que disponibilizou a equipe técnica do Senar, com profissionais presentes na capacitação e orientação da produção desde a preparação do solo, manejo, cultivo e rotatividade no plantio.
Fonte: TJ/MS