Rene Siufi: uma lenda da advocacia criminal

Campo Grande, 21 de junho de 2024

Por Junior Maksoud

Merecedor das mais belas homenagens em vida, Rene Siufi, de 79 anos, ainda vive com intensidade a advocacia criminal. E se questiona, o leitor que nos prestigia, se há maneira diversa de se viver a profissão que exige tanta energia daquele que se mantém dela.

De uma raríssima eloquência e inteligência, de uma insólita capacidade de convergir e persuadir, o septuagenário advogado coleciona em suas memórias, os percalços e as vitórias de uma vida dedicada a advocacia criminal.

Rene Siufi, brasileiro, casado, advogado. Ponto.

Garantista: Por que escolheu cursar Direito?

Rene Siufi: Sempre tive uma atração pela advocacia criminal. Assisti muitos júris, quando o Tribunal do Júri funcionava na Câmara de vereadores na Avenida Afonso Pena. Admirava os advogados no Tribunal do Júri. Nelson Trad, Jorge Antônio Siufi, Arcy Cardoso Gonçalves, o promotor sempre combativo Nelson Mendes Fontoura e muitos outros.

Garantista: Os anos iniciais na advocacia foram difíceis?

Rene Siufi: Todas as profissões são sempre difíceis no começo. Comecei a enveredar pela advocacia criminal desde o início da profissão. Para ganhar experiência, pedia para ser nomeado defensor dativo e nessa qualidade fiz muitos júris. Isso me proporcionou prática e experiência.

Garantista: Qual o caso que marcou a sua carreira?

Rene Siufi: Vários casos marcaram minha carreira. O júri do advogado Gabriel Abrão, que atuei na defesa ao lado de Nelson Trad e Ricardo Trad. Outro júri que fiz foi o processo do Zacarias Mourão (autor da música Pé de Cedro). O júri do pseudo mandante da morte do indígena Marçal de Souza. Todos os júris que fiz foram muito importantes para mim, ora atuando na defesa, ora como assistente do Ministério Público.

Garantista: Por que parte da magistratura insiste em ignorar preceitos constitucionais (ampla defesa, contraditório, presunção de inocência) em ações penais? Vivenciamos atualmente o tempo mais difícil para advogar?

Rene Siufi: Na verdade, existem magistrados que insistem em ignorar preceitos constitucionais como ampla defesa, presunção de inocência, contraditório, etc, mas felizmente é uma minoria. O grande problema hoje são as mídias sociais. O grande problema da advocacia criminal, principalmente do Tribunal do Júri. Quando ocorre um crime, os jurados influenciados pelas mídias sociais, sem o conhecimento contido no processo, já vão ao julgamento com a decisão formada, ou para condenar ou para absolver, não importando o que foi explanado pelas partes.

Garantista: Qual conselho daria ao jovem advogado?

Rene Siufi: O conselho que daria ao jovem advogado que está iniciando sua carreira é que persista sempre no bom direito. Ao assumir uma causa, dê tudo de si para o bom êxito. E o principal: estude sempre. Quando estiver em seu escritório com seus afazeres em dia, leia o Código Penal e o Código de Processo Penal, pois sempre descobrirá um artigo que um dia lhe será útil.