Campo Grande, 08 de março de 2024
Por: Angélica Colman
Dia 8 de março, Dia Internacional da Mulher. Essa data, comemorada em todo o mundo, é um marco para as mulheres.
Desde a década de 1890, mulheres começaram a ingressar na área jurídica no Brasil, mas a regulamentação da profissão ainda não permitia que elas atuassem como advogadas. Somente em 1932, com a aprovação do Código Eleitoral, as mulheres conquistaram o direito ao voto e, consequentemente, o direito de exercer a advocacia.
Nesse contexto, as mulheres pioneiras do direito tiveram que enfrentar diversos obstáculos, como preconceito, discriminação e falta de oportunidades. No entanto, elas persistiram e abriram caminho para outras mulheres que viriam depois.
Para Jacqueline Machado, ser juíza é desafiador, porém é mais desafiador ainda, estar um uma instituição dominada por homens.
“Ser juíza é desafiador em razão da própria natureza da profissão, ter que decidir nunca é algo fácil, ainda mais decidir sobre a vida de outras pessoas e sobre situações complexas que em muitas vezes demandam outros saberes. Mas, também é desafiador estar em uma instituição que é majoritariamente masculina e onde há muitos obstáculos para ter reconhecido o seu trabalho, a competência é o merecimento. E, ainda, existe o preconceito de uma boa parte da sociedade para uma mulher como juíza”, diz a Juíza Jacqueline Machado.
Algumas mulheres são julgadas por serem ousadas demais, e não terem medo de ir de cabeça em profissões vistas apenas para homens, afinal não é o sexo da pessoa que determina se ela é boa no que faz.
“Para as mulheres que desejam seguir a profissão, não desistam, tenham determinação, e acreditem que as mulheres podem chegar onde quiserem”, finaliza a Juíza Jacqueline Machado.
Para a advogada criminalista, Herika Ratto, é hipocrisia dizer que a mulher não enfrenta preconceitos no ramo da advocacia, ainda mais aquelas que militam na advocacia criminal.
“Existe sim um preconceito, mas isso é decorrente da nossa própria cultura. Fomos educadas para ser dona de casa, mãe e esposa. A mulher apenas começou a ser inserida no mercado de trabalho durante a 2ª Guerra Mundial, quando então passaram a ocupar lugares dos homens que tiveram que se ausentar dos seus postos de trabalho para se dedicarem aos assuntos de guerra. Foi a partir daí que fomos vistas com outros olhares (ainda que de forma substitutiva), não mais como um sexo frágil”, explica a advogada.
A Dra Herika, diz que não compartilha do pensamento de que a sociedade não dá espaço para as mulheres, mas segue o pensamento de que é a mulher que conquista o seu espaço e reconhecimento. “O Desafio de ser mulher e advogada criminalista é constante. A única forma de nós mudarmos essa cultura preconceituosa e patriarcal é mostrar que nós somos capazes, assim como os homens”, comenta a advogada.
Para Herika, a mulher precisa conquistar o espaço e para isso a única forma é mostrar o seu diferencial, e a sua dedicação. A mulher também é capaz de enfrentar um processo criminal (independente da sua complexidade) na defesa do acusado, sempre em busca pela correta aplicação da justiça.
“Não temos o que temer, pelo contrário, ter coragem, força, e dedicar-se constantemente aos estudos. Temos que continuar conquistando o nosso respeito. Na minha concepção essa é a única solução. A mudança já começou, não tenho dúvidas. Tudo virá culturalmente através das nossas próprias atitudes”, finaliza Herika.