O assassinato do menino Evandro Ramos Caetano, em 1992, em Guaratuba (PR) é bastante conhecido. No último dia 9, o caso ganhou novos desdobramentos, já que a Justiça inocentou todos os condenados, entendendo que os então acusados foram torturados para fazerem uma falsa confissão.
Beatriz Abagge (foto), que estava entre os condenados, agora defende que seja investigada a tortura sofrida por ela e que a levaram a assumir a culpa por um crime que não cometeu.
Ela disse que recebeu a decisão da última semana com um sentimento de “vitória”: “Há mais de 30 anos a gente vem lutando para provar nossa inocência”, destacou.
“Eu não ia sossegar enquanto a gente não provasse a nossa inocência”. Beatriz conta que a primeira reação ao saber da notícia foi rir, enquanto a mãe dela, Celina, que também havia sido condenada, chorava ao saber que era inocente. Porém, Beatriz ainda espera mais decisões da Justiça. Ela quer que os responsáveis pela tortura sejam condenados.
“A nossa luta terminou com a vitória. Mas começa agora uma nova luta para responsabilizar as pessoas que nos torturaram”, declarou.
Beatriz também falou sobre o modo que encontrou para mostrar que mentia nas fitas que gravaram as falsas confissões. Foi a partir do material que a Justiça pôde concluir que as confissões foram forçadas.
“Eu sabia que eles estavam gravando. Eu achava que eles iam nos matar, eu queria falar. E também falar ‘tá’ foi para mostrar que eles estavam mandando”
Após 31 anos do caso, Beatriz conta que ainda tem marcas físicas, cicatrizes, da tortura que sofreu para dar a falsa confissão. Ela e a mãe foram torturadas por quase 10 horas.
“Eu tenho até hoje marcas no meu corpo, dos choques. Sofri choque elétrico, afogamento e violência sexual”.